O Barroco

 

A Ceia de Eamús (Caravaggio, 1601)

 

Informações gerais

O termo barroco (português), baroque (francês), barock (alemão) e barocco (italiano) parece ter derivado de perlas berruecas (em espanhol antigo) devido aos negócios feitos pelos comerciantes espanhóis do século XVI em Barokia – uma cidade no oceano Índico. Naquela época, os espanhóis trouxeram de Barokia para a Europa pérolas com uma forma estranha, chamadas perlas berruecas. Durante o neoclassicismo e o romantismo, a arte do barroco era vista como a arte da decadência e perversão do gosto. A origem do próprio termo representa essa visão depreciativa.

Historicamente, a arte deste período deve ser vista no contexto do poder renovado da Igreja Católica Romana (Contra-Reforma) e da crescente centralização do poder político. Estimulado e patrocinado pelos cardeais e pelos papas daquele período, o artista desempenhou o papel de reafirmar os dogmas da Igreja Católica, tratando, portanto, de assuntos como martírio, visões santas e êxtase, inflamados pela emoção carregada e apresentados com todos os recursos de uma linguagem retórica de gesto e expressão. Na esfera secular, o poder estava concentrado nas mãos do monarca, e apoiado pela doutrina do direito divino dos reis; Filipe IV da Espanha, Luís XIV da França e Carlos I da Inglaterra prontamente fizeram uso das possibilidades do barroco como arte da propaganda.

A importância histórica do período é talvez mais aparente na magnificência e beleza visual e sensorial de muitas obras barrocas. Em comparação com o Renascimento, notamos o brilho mais radiante das cores, as pinceladas mais livres e expressivas, os ricos contrastes das texturas e da luz e da escuridão.

Embora tenha sido descrito como a arte do século XVII, o barroco não era o único aspecto da arte do século XVII; o século viu uma variedade crescente de categorias estilísticas e, durante todo o período, um movimento clássico resistiu ao apelo barroco aos sentidos e emoções. Esses artistas, liderados por Nicolas Poussin (1594 – 1665) tentaram continuar a tradição de Rafael (1483 – 1520) e concentraram-se na clareza, simetria e equilíbrio. Além disso, pintores de estilo realista dominaram a arte holandesa do século XVII. Esses três estilos compartilharam um retorno à natureza após o estilo anti-naturalista dos maneiristas.

 

Grandes artistas do período e países de origem

França: Claude Lorrain (1600 – 1682), Nicolas Poussin (1594 – 1665)

Espanha: Diego Velasquez (1599 – 1660)

Itália: Pietro da Cortona (1596 – 1669), Caravaggio (1573 – 1610)

Países Baixos: Peter Paul Rubens (1577 – 1640), Anthony van Dyck (1599 – 1641), Rembrandt Harmenszoon van Rijn (1606 – 1669), Jan Vermeer van Delft (1632 – 1675)

 

Notas sobre alguns artistas barrocos

Caravaggio (Michelangelo Merisi):

  • Nascido em Carvaggio, ou em Milão, 1571
  • Seu pai era arquiteto e decorador de Francesco Sforza
  • Influenciado por da Vinci (Virgem das Rochas) e Sofonisha Anguissola (cenas da vida cotidiana)
  • Mudou-se para Roma em busca de sucesso
  • Foi incumbido de trabalhar na decoração de igrejas
  • Ainda em Roma, ele matou um militar em uma briga e fugiu para Nápoles
  • Provocou a ira da Inquisição
  • Tenebrista, erótico, escandaloso, popular, autêntico
  • Retratou trapaceiros, cartomantes, músicos, frutas (símbolos), caracteres gregos
  • Destaca-se seu uso do branco
  • Grandes artistas foram por ele influenciados, como Vermeer, Rembrandt e Delacroix
  • Morreu de maneira obscura em 1610

 

 Rembrandt Harmenszoon van Rijn:

  • Nascido em Leida, 1606, perto de Amsterdã
  • Influenciado por Caravaggio, estudou com Lastman, um artista que havia trabalhado com o mestre italiano
  • Após seu estilo inicial como tenebrista, logo desenvolveu uma maneira muito particular de lidar com a luz
  • Também influenciado por Dürer: perspectiva e linhas; e por Rubens: nu feminino
  • Viveu a maior parte de sua vida em Amsterdã, na época, um importante centro cultural e econômico: comércio, navegação, bolsa de valores, colônias (Nova York – Nova Amsterdã)
  • Sua esposa era seu modelo principal, mas só viveu até os 30 anos
  • A arte de Rembrandt é marcada por uma constante investigação e prática do claro-escuro, uma busca pelo poder do espírito, um estilo realista combinado com uma atmosfera mágica
  • Rembrandt se destacou tanto na gravura quanto na pintura
  • Morreu em 1669, em Amsterdã, cidade que abriga um grande museu dedicado a ele

 

Diego de Silva Velazquez:

  • Nascido em Santa Cruz de Sevilha, 1599
  • Influenciado por Caravaggio em seus primeiros anos, quando estudou com Francisco Pacheco e pelos artistas flamengos, especialmente Rubens
  • Como Rembrandt, ele também encontrou sua própria maneira de se expressar através da pintura, deixando de fora seu histórico tenebrista para produzir imagens mais luminosas
  • Depois de conhecer Rubens, viajou pela Itália, onde estudou Ticiano, Tintoretto e Veronese
  • Pintou para a família real e decorou o Palacio del Buen Retiro
  • Considerado um dos melhores artistas da história da arte
  • Morreu em 1660, em Madri

 

 

Um pouco sobre o Tenebrismo

Tenebrismo, da palavra italiana tenebroso (“obscuro”, também chamado de iluminação dramática) é um estilo de pintura que utiliza contrastes radicais de claro e escuro. É uma forma elevada de claro-escuro, e cria a aparência de figuras emergindo do escuro, em geral com a iluminação focada no centro da obra.

O termo tem sido menos usado pelos historiadores da arte nas últimas décadas e carece de uma definição clara, mas é mais frequentemente aplicada a pintores italianos e espanhóis, especialmente do século XVII. Segundo alguns historiadores da arte é neste período que o tenebrismo encontra sua maior relevância.

A diferença entre tenebrismo e claro-escuro é talvez melhor expressa por Rudolf Wittkower: ‘Com Caravaggio, a luz isola; ela não cria espaço nem atmosfera. A escuridão em seus quadros é algo negativo; a escuridão é onde a luz não está, e é por essa razão que a luz atinge suas figuras e objetos como formas sólidas e impenetráveis, não se dissolvendo, como acontece na obra de Ticiano, Tintoretto e Rembrandt’.