Sobre Leonardo

 

Leonardo nasceu em 15 de abril de 1452, em Vinci, uma pequena vila na Toscana, perto de Florença, Itália. Seu pai, Ser Piero, era notário e sua mãe, Caterina de Anchiano, uma garota do campo. Alguns meses após o nascimento de Leonardo, seu pai se casou com uma jovem chamada Albiera di Giovanni Amadori, filha de um rico comerciante, enquanto Caterina se casou com um fabricante de doces da vila de Vinci, chamado Antonio di Piero de Andrea di Giovanni Buto.

Nos primeiros anos, Leonardo morou com a mãe, mas aos cinco anos começou a morar com o pai, Ser Piero, que o educou de acordo com os princípios de sua classe social, a burguesia florentina, que incluía dedicação ao trabalho e solidariedade familiar.

Como Ser Piero era um homem de sucesso em sua profissão, ele estimulou o jovem Leonardo a estudar direito, mas o garoto não tinha interesse em direito, e nem mesmo em uma atividade como o comércio. Seus talentos eram a música, o desenho e a matemática. Ele logo aprendeu a tocar bandolim e a cantar, além de desenhar uma série de aparelhos enigmáticos.

No final da adolescência, sua capacidade de desenhar impressionou tanto o pai que Ser Piero decidiu usar sua influência para encontrar um lugar para Leonardo no ateliê do artista Andrea del Verrocchio. E foi lá que Leonardo desenvolveu a base de sua arte, como noções de perspectiva, arquitetura e formação de cores. Além disso, é relevante mencionar que Verrocchio ensinou Leonardo e seus outros discípulos a submeter a observação da natureza a princípios científicos e à racionalidade – algo que Leonardo levou consigo para sempre.

Um desenho feito em 1473 mostra que Leonardo da Vinci desenvolveu uma técnica que teria um forte impacto em seus trabalhos subsequentes e também influenciaria todos os outros artistas do Renascimento: o sfumato, uma maneira de produzir a impressão de distância e profundidade de uma imagem tridimensional sobre uma superfície bidimensional.

Certamente, essa não foi a única contribuição de Leonardo para as artes e para a cultura como um todo. Leonardo tinha interesse em basicamente tudo que o cercava. Era um homem curioso, chegando até mesmo a criar padrões de tecidos, desenhos de penteados femininos e estudar a expressão facial das pessoas consideradas insanas ou grotescas.

Seus estudos de anatomia, aerodinâmica, movimento, óptica, além de uma série de invenções e protótipos fazem de Leonardo da Vinci um dos homens mais extraordinários de todos os tempos, um gênio no significado mais completo da palavra.

Após a morte de Giuliano de Médici, Leonardo passou seus últimos dias no Palácio de Amboise, na França, para onde se mudou a convite do rei Francisco I. Tendo sido acometido por uma paralisia parcial, ainda produziu um grande número de desenhos de felinos, cavalos e dragões neste período.

Da Vinci morreu na noite de 2 de maio de 1519 no Castelo de Clos Lucé, no Vale do Loire, cercado por alguns de seus discípulos e por sua camareira francesa. O corpo do grande gênio do Renascimento foi sepultado na igreja de Saint-Florentin de Amboise.

 

Notas sobre algumas obras

 

Virgem do Cravo (1478-1489), óleo sobre madeira:

 

  • primeira pintura autônoma de Leonardo; 
  • influência dos ensinamentos de Verrochio (arte Flamenca); 
  • vínculo amoroso entre a mãe e o Menino, o que destoa da iconografia cristã da época; 
  • o cravo na mão esquerda da Virgem é o elo simbólico entre as duas figuras retratadas; 
  • vestes e cabelos da Virgem mostram um pouco do que o Leonardo empregaria em outras de suas obras;    
  • a natureza, no fundo da pintura, aumenta a noção de perspectiva e por isto mesmo é incorporada à imagem total da obra, algo que traria uma enorme contribuição para a pintura renascentista e para a arte como um todo.  

São Jerônimo (1480), óleo sobre madeira:

  • Obra inacabada; 
  • fazem parte da iconografia: um leão, uma caverna e uma paisagem desértica, tendo o santo como figura central; 
  • muito magro, o santo está sentado no limite entre a gruta e a outra paisagem inóspita de fundo; 
  • Jerônimo é retratado como um penitente, pronto para golpear o próprio corpo com uma pedra, a qual segura com a mão esquerda;  
  • usando sua visão científica da natureza aplicada à arte, Leonardo busca retratar o sentimento do ser humano que sofre e que se penitencia, talvez em busca da libertação da alma.  

Mona Lisa ou “La Gioconda” (1503-1506), óleo sobre madeira:

  • Quadro mais célebre do artista; 
  • até hoje não se sabe quem serviu de modelo para a obra, mas em tese foi a esposa de Francesco de Giocondo, embora talvez esta tenha sido apenas a modelo inicial da pintura; 
  • o brilho aquoso dos olhos e a delicadeza dos traços; 
  • o sorriso enigmático tão estudado e pesquisado;  
  • as mãos feitas com tal acabamento e precisão que mostram a preocupação do artista em retratar a modelo de modo científico; 
  • o uso do sfumato por diversos pontos da obra e a paisagem de fundo como elemento que se incorpora ao quadro e que revela a atmosfera telúrica da natureza.      

 

Sobre o sfumato

 

Sfumato é o termo italiano para uma técnica de pintura que sobrepõe camadas translúcidas de cor para criar percepções de profundidade, volume e forma. Em particular, refere-se à mistura de cores ou tons tão sutilmente que não há transição perceptível. Este vocábulo significa “esfumaçado” e deriva da palavra italiana “fumo”, a qual significa “fumaça” em português

Leonardo da Vinci descreveu o sfumato como “sem linhas ou bordas, à maneira de fumaça ou além do plano de foco”. Leonardo está intimamente associado à técnica, e um dos exemplos mais conhecidos é sua Mona Lisa. Críticos e historiadores da arte discutiram se a Mona Lisa está sorrindo ou não. Esse debate se deve ao uso de sfumato ao redor da boca da modelo retratada, tornando um mistério se as sombras são resultado de um sorriso ou se o sorriso é resultado das sombras. A pintura é realizada usando pequenos pontos em várias camadas, ao redor dos olhos e da boca, totalizando até 40 camadas.